"O Cão de Castro Laboreiro tem um passado, ainda está presente e merece um futuro."
O nome "Cão de Castro Laboreiro", refere-se a uma pequena cidade, ou vila portuguesa do concelho de Melgaço, situada na Serra da Peneda, planalto de Castro Laboreiro, no extremo norte de Portugal. É uma região rústica e montanhosa, que vai do Rio Minho para as montanhas Peneda e Soajo, com altitudes de aproximadamente 1.400m. É delimitada pelos rios Minho, Trancoso, Laboreiro e Mouro.
Agora Castro Laboreiro é uma paróquia na área urbana de Melgaço. Encontra-se nas mesmas montanhas que o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
O Cão de Castro Laboreiro é uma das mais antigas raças da Península Ibérica, descende de um tipo muito antigo de molosso, que trabalhou com os pastores de gado nas montanhas, defendendo-os contra lobos e outros grandes predadores.
É uma raça considerada rara, sendo relativamente pouco conhecida. Na sua região de origem é cada vez menos utilizada, em virtude da diminuição dos rebanhos, apesar de continuar a proteger as manadas de gado bovino. É um cão ativo que está sempre alerta e em virtude do seu menor porte comparada a outras raças portuguesas, demonstra uma grande agilidade.
A origem do Cão de Castro Laboreiro perde-se na neblina imemorial do tempo. Embora muitas lendas sejam dadas, a origem ninguém a conhece. O clube da raça portuguesa observa que "tudo o que é escrito sobre as suas origens é pura ficção, sem qualquer precisão científica ou histórica... os dados são raros ou não existem... a maioria das raças de guardiães e pastores não têm registos antes de 1900".
Em 1920, o jornal de Castro Laboreiro, "A Neve", publica anúncios de interessados em comprar cães de Castro Laboreiro, “da verdadeira raça”, como referem. Em 1935 o veterinário Manuel Marques, pioneiro da canicultura em Portugal, acompanhando as modas da Europa, desloca-se de Lisboa a Castro Laboreiro, elabora e publica o 1º Estalão da raça, provavelmente o documento produzido mais importante para a raça até aos dias de hoje.
Há menções do Castro Laboreiro no século XIX (1800), mas nenhuma antes de 1800. O notável escritor Camilo Castelo Branco no seu livro A Brasileira de Prazins (1882) menciona "os cães de Castro Laboreiro, muito feroz..." (referindo-se a fatos ocorridos por volta de 1845), época em que conhece a raça, e eterniza-a, enaltecendo as suas qualidades de guarda e de fidelidade aos donos.
Nesta altura ainda não existe Canicultura em Portugal, mas os vários registos escritos, já referem claramente o Cão de Castro Laboreiro como raça.
No século XIX, o Cão de Castro Laboreiro devido à sua singularidade e grande homogeneidade, era já referida como raça antiga, apesar do conceito de raça, tal como hoje o conhecemos, ser bastante recente. A maior parte das raças de guarda e pastoreio não apresentam registos anteriores a 1900. Muitas foram mesmo criadas pela canicultura, no final do século dezenove (pioneiros: Alemanha e Inglaterra) e já durante o século vinte, normalmente oriundas de populações de cães de trabalho existentes em determinada regiões. Não existem registos documentais conhecidos sobre a raça Cão de Castro Laboreiro, anteriores a 1800.
Considera-se que a sua origem foi na Mesopotâmia onde ovinos e cabras modernos foram domesticados. Estudos genéticos modernos têm demonstrado que a raça moderna é única entre outras raças semelhantes em Portugal e no futuro, os estudos de DNA podem fornecer mais evidências sobre os movimentos dos tipos antigos a partir dos quais a raça moderna se desenvolveu.
A desertificação da região e o abandono da pastorícia tradicional, levou ao quase desaparecimento desta raça autóctone.
A realidade de extinção desta nobre e antiga raça Portuguesa não é de agora, pois sempre foi uma raça pouco conhecida e pouco divulgada no país e no estrangeiro. O número de exemplares desta raça não excede 500 no mundo inteiro.
Hoje a maioria dos cães desta raça é mantida como cão de companhia e de proteção. Foi exibido pela primeira vez em uma exposição de cães em 1914. Desde o seu reconhecimento oficial em 1935, pelo Clube dos Caçadores Portugueses, posteriormente Clube Português de Canicultura (CPC), a raça encontra-se ou em estado crítico ou ameaçada de extinção segundo os parâmetros internacionais da FAO.
Com a erradicação de lobos e outros grandes predadores, o Cão de Castro Laboreiro perdeu seu uso original. Mudanças nos métodos agrícolas nos últimos cem anos conduziram a muitos destes cães que estão sendo abandonados, voltando a ser selvagens e transformando-se em um problema para aqueles que criam gado e cavalos.
O Cão de Castro Laboreiro é conhecido pela sua rusticidade, caráter e nobreza.
Um grupo de criadores e apaixonados da raça, de diversos pontos do país, conscientes do perigo de extinção deste animal dócil, valente e extraordinário guarda, fundaram em 20 de Outubro de 2006 a Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro, (APCCL) com sede na própria freguesia de Castro Laboreiro, que conta entre os seus fins: “a defesa, preservação, seleção, promoção, divulgação e valorização” daquela raça autóctone ancestral.
A Associação é constituída atualmente por trinta e três sócios, contando-se entre eles alguns estrangeiros. A APCCL, pretende colaborar estreitamente com o Clube Português de Canicultura e outras instituições da canicultura nacional e internacional.
Dada a atual situação crítica da raça, tanto em quantidade (dados populacionais) como em tipicidade (características étnicas/fenotípicas), é urgente unir esforços e informação de forma a trabalhar com instituições e criadores com o objetivo único de conhecer, recuperar, multiplicar e divulgar o que de melhor comporta a raça.
Referências:
Altura na cernelha:
Machos: 58 – 64 cm (com tolerância de + 2 cm).
Fêmeas: 55 – 61 cm (com tolerância de + 2 cm).
Peso:
Machos: 30 a 40 kg.
Fêmeas: 25 a 35 kg
Padrão Oficial da Raça CÃO DE CASTRO LABOREIRO:
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