Arte de Tirson Correia.
Perro de Presa Canario
《Dogo Canário》
Dogue Canário
Presa Canário
Perro de Presa Canario
Dogo Canário
Há disputas sobre o nome e o padrão da raça ou das raças em questão. Em 2001, na Espanha o Presa Canário foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura. Alguns discutem que este é o mesmo Dogo Canário e/ou se o Dogo Canário é o mesmo Presa Canário. Para muitos trata-se da mesma raça, para outros são duas raças distintas que apenas tiveram a mesma origem ou compartilham ancestrais em comum, mas apesar de semelhantes, duas raças distintas.
Originário das Ilhas Canárias, o Presa Canário, é um cão tipo molosso, cujo desenvolvimento foi aparentemente involuntário. Resultado da mistura de diversas raças, sendo a principal o Perro de Ganado Majoreiro, ou Majoreiro, que é um cão nativo das Ilhas. Utilizado originalmente como cão de boiadeiro, e cão de caça das Ilhas Canárias, a raça é agora conhecida como um ótimo cão de guarda. Devido ás condições geográficas, a raça desenvolveu-se praticamente de forma isolada ao longo de quase 500 anos e, com o passar do tempo, foi amplamente utilizada nas rinhas tão populares da época. Com os melhoramentos da pecuária e a proibição dos combates, estes caninos foram praticamente extintos, tendo sua criação retomada em meados do século XX. Graças ao trabalho desenvolvido durante os anos 70 pelos criadores espanhóis e sobretudo das Ilhas Canárias, foi recuperada.
Sabe-se pouco sobre a verdadeira origem e resgate da raça. Na Espanha, uma raça chamada Presa Canario foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura em 2001. O padrão publicado não é idêntico ao padrão FCI para o Dogo Canário. Para muitos o Presa Canário e o Dogo Canário possuem a mesma linha sanguínea ancestral, mas são raças distintas, e apesar de semelhantes, seguem temperamentos diferentes, como diz o artigo "Difference between the Presa Canario and the Dogo Canario".
Existem muitos livros escritos por historiadores sobre o desenvolvimento do Dogo Canário – que também é conhecido como Presa Canario para muitos, Canary Dog of Prey e Dogue Canário. Acredita-se que após a conquista das Ilhas Canárias cães de grande porte foram trazidos para as ilhas pelos conquistadores espanhóis – nesse ponto há a controvérsia de que talvez já existissem cães desse porte na ilha, ou até mesmo que as duas coisas aconteceram. Sabe-se com certeza é que esses cães eram utilizados para vigiar o gado e os rebanhos de ovelhas, os protegendo do ataque de cães selvagens ou cães vadios.
Com base no papel que estes animais desenvolveram, funções de guarda nas fazendas, captura de gado selvagem, cão de abate, cão de açougueiro, e até mesmo cães usados para o extermínio de cães selvagens, podemos imaginar um animal compacto, proporcionalmente robusto, mas não muito pesado, um cão extremamente funcional.
No ano de 1516 é dada ordem de extermínio aos cães silvestres ou selvagens em resposta aos danos que eles fizeram para o gado, designando para o efeito um par de cães de caça de propriedade de Don Pedro de Lugo treinados para este fim. Demorou dois anos para cumprir a sua missão, comprovando o sucesso do mesmo, com a apresentação de peles das cabeças.
Segundo alguns historiadores, diversos molossos foram introduzidos pelos colonizadores com o objetivo de auxiliá-los no trabalho com o gado, criado solto e que deveria ser arrebanhado. Foi a partir do cruzamento dos cães nativos das ilhas com os molossos trazidos da Europa que se originou o Cão de Presa Canário, hoje denominado de Dogo Canário. Acredita-se que esta mistura iniciou-se no século XVI, quando as Ilhas Canárias, foi considerada um porto seguro pelos navegantes.
Para alguns o Presa Canário teria em sua origem o Old English Bulldog, o Alano Espanhol, o Perro de Presa Espanhol, também conhecido como Spanish Bulldog e o Mastiff Inglês.
Há relatos de que outras raças também entraram na formação do Dogo Canário, Bull Mastiff principalmente. Segundo alguns criadores, por conta de maior inserção de sangue de Bullmastifs, os Dogos tendem a ser maiores e com temperamento mais brando que os Presas, também possuem mais barbela, e não possuem a cor preta sólida e tem pouquíssimo branco nos exemplares.
Existem suposições de que para o Presa Canário também tenham tido cruzamentos com os cães locais e raças que foram levadas às Ilhas paulatinamente e os cruzamentos ocorreram naturalmente, já que os fazendeiros das Ilhas Canárias não priorizavam a pureza racial, priorizavam somente a funcionalidade e realizavam cruzamentos de acordo com o que achavam que seria de maior utilidade para as suas necessidades na lida com o gado e na guarda de suas propriedades. Dentre estas outras raças as mais citadas são: o Perro de Presa Mallorquin, hoje chamado de Ca de Bou, o Fila de San Miguel, o Ca de Bestiar, Staffordshire Bull Terrier e Bull Terrier.
Sobre o resgate da raça e mudança de nome afirmam que após um intensivo trabalho de recuperação promovido pelos criadores das Ilhas Canárias, em 1982 foi fundado o Clube Espanõl del Presa Canario e firmado um acordo com a Real Sociedade Canina de España para a elaboração do padrão da raça, para tanto tomaram por base um estudo envolvendo 234 exemplares catalogados pelo referido Clube, dos quais foram selecionados 100 cães, 50 de Tenerife e 50 de Gran Canaria, que deram origem ao Presa Canário, hoje denominado Dogo Canário.
Manuel Curto, dono do Canil Irema Curto, foi um dos maiores responsáveis pela recuperação da raça nos anos 70. Quando a FCI decidiu reconhecer o Cão de Presa Canário estabeleceu certas exigências, a 1ª delas foi que o nome fosse mudado para Dogo Canário, pois segundo a FCI o nome "presa" lembraria "violência" e "briga". As outras exigências diziam respeito ao padrão da raça, que antes do reconhecimento era muito "elástico", admitindo cães de múltiplas colorações, tamanhos, pesos. Um ponto de destaque no padrão da FCI foi a limitação das marcações brancas, hoje admitidas somente no peito e nas patas. O Sr. Curto não aceitou as exigências da FCI e continuou produzindo cães segundo o que acreditava ser o correto.
Para alguns trata-se da mesma raça, para outros apenas compartilham origens e ancestrais em comum. O fato é que existem dois padrões, um para cada raça em entidades diferentes. O Presa tem padrão reconhecido pela UKC enquanto que o Dogo é reconhecido pela FCI.
O Dogo recebeu o título de melhor cão de guarda pelo Dr Carl Semencic, especialista em cães de guarda dos Estados Unidos. E o Presa alguns defendem que sua seleção é exclusivamente de trabalho.
Para muitos criadores já havia o entendimento de que o nome presa deveria ser preservado, mas pela questão da normatização do padrão da raça, entenderam ser um caminho necessário ao reconhecimento, já que a função da FCI era fixar um padrão, e este para a FCI deveria ser menos elástico, com características mais definidas. O resultado é que a FCI reconhece o Dogo Canário com um padrão mais restrito e o UKC reconhece o Presa Canário com um padrão um pouco mais elástico.
Para alguns o Presa é um cão de temperamento forte, predisposto à obediência e com um grau de atividade elevado para um molosso. São muito dominantes e territorialistas, por essa razão não costumam se dar bem com cães do mesmo sexo, isso se aplica inclusive às fêmeas muitas vezes.
O Dogo não é um cão barulhento, late apenas quando necessário. Possui um latido intimidador. Não gosta de estranhos mas é capaz de respeitá-los na presença de seus donos, porém não gosta de "muita intimidade" com quem não conhece e prefere observar as visitas de longe.
Desde o início à sua recuperação, para a maioria dos criadores, principalmente em seu local de origem, o que mais importa nesses cães é a função. Se é Dogo ou se é Presa, o que interessa é se ele faz agarre, condução de gado e guarda.
Ambos cães de guarda por excelência, amigos do dono e da família, e desconfiados com estranhos. Devido à sua força, equilíbrio e devoção ao dono, o Dogo Canário obteve o título de melhor cão de guarda do mundo, concedido pelo especialista americano em cães de guarda, o Dr. Carl Semencic, autor de 5 livros, 3 sobre cães, e talvez por esse motivo o Dogo é uma raça em ascensão nos EUA e no mundo.
Segundo alguns criadores de Dogos, originalmente não havia nenhuma "raça" chamada Presa Canário ou Dogo Canário nas Ilhas Canárias, mas sim uma grande variedade de tipos de cães de guarda de fazenda. Estes tinham qualquer forma, tamanho ou cor como muitos outros cães de raça mista hoje. O nome destes cães variavam também, mas não importava, porque não era uma "raça", apenas um grupo de raças misturadas. Quando um grupo de aficcionados dos cães das Ilhas Canárias reuniu-se para formar uma raça rigorosamente definida por um padrão, com cores, tamanho, aparência, estrutura e limitações morfológicas, houve algumas divergências, entretanto, a maioria avançou e formou um Padrão e tornou-se reconhecido na Espanha como uma raça oficial chamada Presa Canário. Com o passar do tempo, a criação continuou, e desejada a aceitação com o registro mundial pela FCI. Neste momento, o clube da raça e reuniu e analisou onde estavam, o que o padrão original era, o que eles foram capazes de alcançar, e o que ainda estava para realizar. Decidiram então que algumas mudanças eram apropriadas naquele momento, incluindo uma mudança de nome para "Dogo Canário" para fazer o nome parecer menos "violento". E a rejeição da cor preta desde que haviam somente 14 cães pretos na época. Com a aceitação na FCI e com o novo padrão, todos os Presas Canários passariam a ser chamados e registrados de Dogos Canários então.
Alguns discordaram dessas mudanças e muitos discordam até hoje dessas informações. Muitos não só discordaram como continuaram sua criação por outro caminho, sob a alegação de que estavam criando o verdadeiro ou o original Perro de Presa Canário, como definido pelo padrão anterior. Alguns destes criadores têm se voltado para padrões estrangeiros como o UKC nos Estados Unidos, que não mudou com o padrão novo estabelecido pela FCI. Outros disseram que iam ficar com o padrão mais antigo submetido a Royal Spanish Canine Society (RSCE).
O padrão internacional da FCI estabelece peso mínimo para os machos de 50 Kg e para as fêmeas o mínimo é de 40 Kg. Com relação à altura na cernelha de 60 a 66 cm nos machos e de 56 a 62 cm nas fêmeas. O padrão FCI da raça dispõe que nos casos de exemplares muito típicos, é admitido uma tolerância de 2 centímetros de desvio dos limites máximo e mínimo.
Então qual é a diferença? Depende de quem você conversar. Um criador nas Ilhas Canárias diz que ele está criando as verdadeiras linhas antigas do Presa Canário e seus cães são muito mais pesados, mais largos e mais curtos do que o padrão.
Alguns cães nos EUA são mais altos e mais amastifados. Alguns parecem semelhantes aos boxers reforçados. Alguns cães têm o mesmo olhar que o Dogo Canario como definido pelo padrão, mas são mais delgados e menos molossos. Muitos não têm máscaras pretas como muitos cães históricos não tinham. Muitos têm branco excessivo e alguns são todos brancos ou todos preto apenas como alguns cães históricos.
Enquanto isso, quase todos os criadores de cães que se encaixam no padrão FCI mundial para o Dogo Canario, se solicitado, diria que eles estão criando Presa Canario também.
Então, o que é um Presa Canário? Há muitas pessoas reivindicando este título para responder isso definitivamente. É por isso que você teve dificuldade em encontrar uma resposta clara.
Então o que são e qual a diferença entre o Dogo Canário e o Presa Canário?
A resposta de um criador de Dogo Canário:
"O Dogo é o cão definido pelo padrão atual de FCI que foi atualizado como parte da aceitação cheia como uma raça. Estes cães tornaram-se mais largos e mais molossos? Sim e não. Alguns cães históricos eram mais largos e mais molossos do que a maioria dos cães de hoje, enquanto a maioria eram mais magros. Você só pode trabalhar com os cães que você tem atualmente e se você está tentando desenvolver uma raça homogênea e você não tem cães homogêneos, você tem que fazer o melhor que puder. Você não pode olhar para cães para determinar uma raça, você só pode olhar para o padrão. O padrão mudou? Sim, mas não tanto quanto é reivindicado por alguns. Na verdade, alguns cães criados por criadores de "Presa e não Dogo" vão muito bem em shows. Recentemente um ou mais centímetros adicionais foram adicionados à altura aceitável, enquanto pesos máximos foram definidos para os espécimes machos e fêmeas.”
A resposta de um criador de Presa Canário:
"Tentando resumir, para mim e para muitos são raças distintas, com estalões diferentes em entidades diferentes para cada uma e apenas as suas origens são as mesmas. O Presa Canário é a raça oriunda das Ilhas Canárias, arquipélago que era espanhol, hoje nem é mais, hoje as Ilhas são independentes do governo da Espanha. Os espanhóis só reconhecem o Presa Canário como autóctone. Antigamente havia o Presa Canario tradicional que sempre houve e mas recentemente os dogos, são dois trabalhos diferentes, independentemente do que lhes chamam já tem muito tempo que são dois cães diferentes."
Alguns dizem que o Dogo era inicialmente chamado de "Cão de Presa Canário" ou "Perro de Presa Canario", ou simplesmente "Presa Canário" e posteriormente, com o trabalho de reconstituição ou recriação da raça, o cão foi denominado de "Dogo Canário". Para os defensores desta versão, existe apenas um cão ou uma raça e que dentro da mesma haveriam diferenças morfológicas e temperamentais do mesmo cão ou mesma raça. Para outros são raças distintas e o Dogo Canário seria descendente do Presa Canário.
Há dois estalões mundialmente conhecidos, um na FCI e um na UKC. A raça de cão reconhecida pela FCI com o numero do Standard 346 é o Dogo Canário. O padrão do Dogo Canário não aceita a cor preta como é aceita no standard do Presa na UKC. A FCI é a entidade que regula a cinofilia no mundo com sede na Bélgica, A UKC, é uma associação norte-americana que existe desde 1898, antes mesmo da fundação da FCI, que é de 1911.
FONTES:
Victor Grau Bassas, Ed. O Museo Canario de 1885, usos e costumes da população rural de Gran Canaria.
F. E. Zeuner, Ed. O Museo Canario, 1958, animais domesticados mesma desde o sítio pré-histórico de Guayadeque, Gran Canaria.
Clemente Reyes Santana, Aguayro Magazine, 9-1988, cão Presa Canario.
Manuel Curto Gracia, 1991. Presa Canario, sua verdadeira origem. http://www.iremacurto.com/presacanario/spanish/libro/libro.pdf
Padrão oficial da raça Dogo Canário:
http://www.fecirs.com.br/padroes/gr02/dogocanario.pdf
http://www.fci.be/Nomenclature/Standards/346g02-en.pdf
Padrão da raça Presa Canário:
https://www.ukcdogs.com/perro-de-presa-
Cães emblemáticos que decoram a Praça de Santa Ana, em frente à Catedral de Las Palmas de Gran Canaria, e chegou à ilha em 1895 (obra do escultor Adriam Jones doada à cidade por James Miller, filho de comerciante britânico com sede em Las Palmas desde 1824 Thomas Miller, tendo dois cães exatamente iguais às portas da igreja de São Jorge, na Praça Hanover, em Londres para a década de 1980, eles foram removidos e estão agora a decorar os jardins do hospital veterinário Rainha Mãe Hatfiled).
Abaixo fotos históricas do Perro de Presa Canário:
"Marquesa (esquerda) e" Faycan (à direita) em "la Expo-Otoño 87".
Com a delegação das Canárias e o então presidente do R.S.C.E.
Outros Presas e/ou Dogos espalhados na rede:
Arte de Tirson Correia.
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