quinta-feira, 1 de março de 2018

English Mastiff - O gigante britânico




Este famoso gigante britânico não é a mais antiga ou mesmo a mais pura raça de mastiffs do mundo, mas a maioria das pessoas ainda se refere a ele simplesmente como Mastiff, em vez do Mastiff Inglês. É uma raça muito antiga e certamente descende dos grandes “mastins” da Antigüidade, cães gigantes normalmente originados da Ásia e que se espalharam por toda Europa. Eram conhecidos dos grandes imperadores romanos que adotavam os ‘mastins’ em suas frentes de batalha. 

O Mastiff é considerado uma raça tradicionalmente inglesa, apesar de alguns afirmarem que teve origem nas ilhas britânicas. Há registros de que cães do tipo mastiff já existiam na Grã Bretanha durante a época da invasão romana. No entanto, exemplares foram re-importados para a Inglaterra após a Segunda Guerra Mundial, face a quase extinção da raça. Seus antepassados devem ser buscados entre os mastins assírios, descendentes por sua vez do grande. Também dizem que o Mastim Inglês foi introduzido na Inglaterra há mais de dois mil anos. 

O mastim, em inglês Mastiff, deriva da palavra anglo-saxónica “masty”, que significa poderoso. Sendo o Reino Unido uma ilha, pensa-se que o cão teria sido introduzido pelos mercadores fenícios que provavelmente o foram buscar à Ásia. Quando chegaram à Inglaterra, os Romanos recrutaram o Mastim Inglês para auxiliar nas batalhas de conquista por mais território. O cão foi também introduzido nas arenas dos coliseus romanos, onde lutou contra leões, ursos, entre outros animais. Ao longo dos séculos, o Mastim Inglês foi um cão de guarda, mas também de transporte, servindo de cavalo dos pobres. Devido à sua força e porte, o mastim foi também usado em lutas entre cães e contra touros, até ao século XVIII, altura em que estas atividades foram proibidas no seu país de origem. 

Eram cães grandes, valentes e bastante resistentes. Segundo alguns historiadores, os mastins eram usados como cães de guerra pelos povos Celtas e acompanhavam seus donos em suas batalhas. Quando os Romanos invadiram a Britânia, eles levaram os cães de volta a Itália e os usaram para guarda de propriedades e prisioneiros. Até 1835, eram usados em combates com outros animais até que esse tipo de ‘lazer’ foi proibido. 

O Mastiff já foi usado para inúmeras funções em outros tempos: na caça, na guerra, e principalmente guarda patrimonial. Apesar de sua força, é um cachorro amoroso e tranquilo com a sua família. É uma mistura de força, coragem, bom humor e docilidade, combina grandiosidade com boa natureza. O Mastiff tem um nariz largo, olhos pequenos e afastados, de cor avelã. As Orelhas são pequenas, finas ao tato. A cauda da raça Mastiff tem implantação alta, é larga na raiz e vai se afinando até a ponta. A pelagem dos cães da raça Mastiff é curta e espessa, de cor fulvo, abricot ou tigrado. Em qualquer uma dessas variedades, o focinho, as orelhas, a trufa e as pálpebras devem ser de cor preta. 

Alguns defendem que o nome é mais preciso para outras raças de mastiffs, muitas das quais mais antigas do que o popular cão inglês gigante. Os cães desse tipo que existiam na Grã-Bretanha durante séculos eram geralmente compostos de ascendência de caça, além de conter sangue de raças europeias importadas, como os primeiros Bloodhounds, Mastiffs alpinos e Bullenbeissers. 

Há algumas "teorias" sobre o significado deste nome popular, que possivelmente derive da palavra francesa "matin", "mastin" espanhol ou "mastino" italiano, devido à introdução de dogges desses países para as Ilhas Britânicas. 

Geralmente visto como a raça britânica mais antiga, o Mastiff Inglês teria chegado com os fenícios e outros comerciantes do leste da ilha há mais de 2000 anos. Seu antepassado primário seria o mastiff asiático original, cuja encarnação atual é a poderosa raça Ovcharka da Ásia Central, sendo o Mastin Espanol o segundo antecessor mais importante do Olde Englis Mastiff. 

O Mastin Espanol para alguns é considerado o elo chave entre os cães da Ásia e Grã-Bretanha. Estreitamente relacionados com o Mastiff francês e o Mastiff napolitano, o Mastiff Inglês certamente vem do mesmo estoque, influenciando-se ao longo da história, além de ser enriquecido ocasionalmente com o sangue de outras raças, como os cães do Tibete, Espanha e Suíça.




Supostamente, depois de ser descoberto pelas tropas romanas, foi posteriormente exportado para Roma, onde ganhou popularidade como um cão de guerra e um excelente lutador de arena, apenas para se encontrar reintroduzido nas Ilhas Britânicas pelos romanos, embora em um estado físico alterado. É então que o olhar moderno do Mastiff britânico começou a tomar forma, mas, na realidade, a aparência não havia sido estabelecida até o final dos anos 1800, mesmo que alguns afirmem que ele permaneceu praticamente inalterado em pelo menos mil anos. Se essa raça ficou o mesmo durante esse período é discutível, porque há registros de dois Mastiffs muito diferentes ao longo desses séculos; um menor, mais largo e o tipo maior, de corpo longo, bem como alguns cruzamentos dos dois. Mesmo os romanos separaram essas raças, levando muitos a acreditar que estes eram de fato os predecessores do Bulldog antigo e do Mastiff antigo, ligando essas duas raças ainda mais próximas. 

Usado para lutas com touros, ursos, leões e outros animais, o antigo Mastiff também fez um ótimo cão de guarda e companheiro, que se tornou seu papel primário logo que os antigos esportes de espetáculos foram proibidos na Grã-Bretanha. 



Também é dito que o orgulho da sua pátria, o Mastiff Inglês tem sido um popular concorrente do Show há muito tempo, mas a raça tornou-se quase extinta após a 1ª Guerra Mundial e nos anos pós-Segunda Guerra Mundial, um programa de salvação começou. Sugeriu-se que a encarnação moderna do Mastiff Inglês é o resultado de atravessar o estoque restante de cães com as próprias raças, como o Bullmastiff e o São Bernardo, bem como os Mastiffs napolitanos, Bloodhounds, Mastiffs tibetanos, Great Dinamarqueses e Mastiffs espanhóis, mas essa teoria não é muito bem aceita por muitos. 

Seja qual for a verdade, o Mastiff Inglês foi revivido com sucesso e é uma raça popular mais uma vez. Em nenhum lugar é tão agressivo como no passado, este cão poderoso, maciço e robusto é de aparência imponente, bem adaptado para um guardião, apesar de comparativamente ser mais fácil de lidar e dizem que mais letárgico do que outros cães modernos de proteção. Infelizmente, problemas de saúde como displasia do quadril e inchaço são muito comuns na raça, resultado da consanguinidade e do desejo de muitos criadores modernos de produzir cachorros muito maiores do que a função da raça requer. 

Às vezes referido como o OEM, ou o "Mastiff Inglês Antigo", a atual encarnação da raça é um companheiro leal e devotado, fazendo um bom animal de estimação da família, mas ainda exige uma socialização precoce e um tratamento responsável. Esta é uma raça de ombros largos, com um baú profundo e pernas resistentes. A cabeça é grande, com uma testa plana, um focinho relativamente curto e lábios soltos. 

Embora os pelos compridos, bem como exemplares multicoloridos tenham existido no passado e ainda possam ser vistos ocasionalmente, o único tipo de casaco permitido atualmente é o curto. O padrão da raça aceita 3 cores para os Mastiffs; fulvo-tigrado, fulvo-abricó e fulvo-prateado; todos com uma máscara e orelhas pretas; possuindo uma pelagem média para pequena. No entanto, as cores dos filhotes só se definem realmente após os 45 dias. Os de cor fulvo-tigrada nascem pretos. Os fulvo-abricós e os fulvo-prateados nascem acinzentados, sendo que os prateados são ligeiramente mais escuros. 

Altura média é de cerca de 30 polegadas ou 76 cm, mas existem exemplares maiores. Não há nenhum limite de altura superior e nenhuma faixa de peso no Padrão de Mastiff. O mínimo recomendado pelo padrão é de 69,85 cm até 91,44 cm para o excepcionalmente alto. Eles podem pesar entre 49,8 Kg até 155,4 Kg de Zorba, o maior cachorro do mundo, embora a maioria machos de Mastiff pesem ao redor de 72,5-104 Kg e as fêmeas entre 54,4-77 Kg. 

Apesar de seu tamanho gigante – um exemplar da raça é o cão mais pesado do mundo, segundo o Guinnes Book – o Mastiff tem um temperamento especial. Mesmo tendo sido desenvolvido e selecionado para cumprir a função de guarda, o bom Mastiff deve ser um cão calmo, seguro e bastante ligado à família e pessoas de seu convívio. A despeito do seu tamanho, são excelentes companheiros para as crianças com as quais têm bastante paciência inclusive com aqueles brincadeiras mais ‘violentas’. 

Apesar de seu passado de batalhas, é dito que não devem demonstrar comportamentos agressivos com outros animais (inclusive outros cachorros). 

Dizem que tem um estilo de guarda bastante peculiar, preferindo, em casos de necessidade, encurralar a ‘vítima’ deixando-a imobilizada e só irá mordê-la em último caso. Talvez até em função do seu tamanho, são cães de baixa atividade e que latem pouco, assim, diz-se que quando um Mastiff late, é porque de fato merece atenção. Apesar de serem cães considerados ‘tranqüilos’, o Mastiff precisa de exercícios para que não desenvolva problemas como o excesso de peso. 

A Segunda Guerra Mundial foi um período difícil para os cães europeus, e em especial o Mastim Inglês, que exige bastante comida. A raça esteve mesmo perto da extinção na Europa e foi preciso importar cães anteriormente exportados para os Estados unidos da América, para reavivar a linha europeia. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, foram usados para colocar os carros de munição nas frentes de batalha. Até em função disso, com o fim da Guerra a raça encontrava-se bastante dizimada e foi salva da extinção com o trabalho de criadores, que utilizaram inclusive o cruzamento com o São Bernardo para salvar a raça. Deste cruzamento a principal contribuição do São Bernardo foi a suavização do temperamento da raça. Mas ainda hoje, 50 anos depois, ainda aparecem nas ninhadas cães com pelagem mais longa e manchas brancas na cara, nas patas e no peito. 

O Mastim Inglês contribuiu de forma determinante para o aperfeiçoamento de várias raças, tal como o Bullmastiff. Dizem que há sangue de Mastiff também em várias outras raças conhecidas atualmente, como o Rottweiller, Dogue Alemão, Terra Nova, São Bernardo, Fila Brasileiro, etc. 

Hoje em dia, o Mastim Inglês é valorizado pela sua companhia e para além de ser um bom cão de guarda é também bem sucedido como cão de busca e salvamento. Por ser um dos maiores cães do mundo, em peso e altura, exige bastante espaço e muita comida.




Para que o filhote se desenvolva bem, alguns cuidados são essenciais. A primeira providência é estabelecer claramente a sua liderança sobre o filhote e socializá-lo tanto com pessoas como com outros animais. Aulas de obediência são bastante recomendadas, até porque facilitam o controle sobre os cães quando adultos e há muita controvérsia sobre a real necessidade de adestramento para guarda. Um filhote bem educado e equilibrado certamente se transformará num adulto confiável.

Abaixo mais uma capa incrível de Tirson Correa que tem contribuído com as capas para nossas homenagens mensais às raças no grupo Cães #Funcionais e Suas Origens [Functional Dogs and Their Origins Old/New]



O REI KANGAL

A imagem pode conter: cão

  
KANGAL

Os cães de pastoreio de Sivas Kangal são oriundos do distrito de Kangal província de Sivas, aldeia que lhes deu o nome. Acredita-se que estes cães de grande porte foram trazidos para a região da Turquia pelos Otomanos que utilizavam seus possíveis ancestrais como cães de guerra. É usado para proteger os rebanhos dos predadores e ladrões e também para guarda de propriedades.

O Kangal é um cão molosso com pelagem amarelo-claro com máscara negra. É aceitável algumas marcas brancas pequenas ou áreas sombreadas nas patas e cauda. Há variações em relação a peso e altura, cada entidade cinológica possui um padrão diferente em relação a essas medidas. Os machos medem geralmente entre 73 e 82 cm e pesam entre 45 a 70 kg. As fêmeas medem geralmente entre 68 e 76 cm e pesam de 42 a 60 kg. Essas medidas são as oficiais da Turquia, e são aceitas no encontro anual que acontecem em Sivas, chamado Festival Kangal. Algumas associações como Kangal México usam estas mesmas medidas, já o Kangal Dog Club Of America, nos Estados Unidos, usa medidas um pouco diferentes para os animais. O padrão seguido pelo United Kennel Club, dos Estados Unidos, estabelece altura de 76 a 81 centímetros na cernelha para machos; e de 71 a 76 centímetros para fêmeas. Ainda de acordo com o UKC, o peso dos machos varia entre 50 e 66 kg, e o das fêmeas entre 41 e 54 kg, aproximadamente. Existindo exemplares de maior porte em algumas regiões da Europa e Ásia, com alguns cães alcançando e ultrapassando os 86 cm de altura na cernelha. 

Geralmente têm as orelhas cortadas de forma primitiva ainda quando filhotes com poucos dias de nascidos. O corte das orelhas bastante usado por pastores turcos é para evitar machucados durante brigas e defesa do rebanho contra os predadores. Eles protegem o rebanho principalmente contra o ataque de ursos asiáticos e de lobos, mas também os protege de leopardos e cães assilvestrados. O papel principal do Kangal é afugentar os animais, mas o ataque e morte de lobos pode acontecer. O Kangal é maior e mais forte que os lobos que vivem na região da Turquia, é uma subespécie de lobo chamado lobo iraniano. Lembrando que existem 37 subespécies de lobos no mundo todo. 

Existe uma lenda que ao perseguir e derrubar o lobo, o Kangal usa seu tamanho para quebrar a coluna do lobo com forte impacto. O Kangal é tão admirado pela proteção de rebanhos que alguns fazendeiros da América do Norte estão usando a raça para proteção de rebanhos de ovelhas e de gado bovino contra pumas, ursos, coiotes e linces. Eles também foram levados para algumas regiões da África, no intuito de proteger as fazendas de gado e cabras. Eles espantam com facilidade guepardos e segundo alguns relatos, conseguem até mesmo afugentar hienas e leões trabalhando em matilha. Os criadores da Turquia colocam coleiras com pontas afiadas em seus cães, elas tem diversos desenhos e cortes diferentes e servem para evitar que predadores ataquem o pescoço do cão. A importação do Kangal diretamente da Turquia é muito difícil, a raça é resguardada e protegida pelo governo turco. Em algumas regiões da Turquia a rinha de cães é bastante praticada, são usadas diversas raças e cães mestiços e claro, o valente Kangal. Essas lutas são extremamente violentas e sangrentas. O governo turco proíbe essa prática e diversos Kennel clubs a repudiam, por exemplo o Kennel Club dos Estados Unidos. O Kangal apresenta notória agressividade contra outros animais, principalmente contra outros cães, mas é antes de tudo um cão guardião de rebanhos e possui um temperamento típico de muito destes cães, sendo possível grandes matilhas, o comportamento agressivo contra animais de criação, não é admitido pelos criadores. 

Estima-se que sua origem tenha sido na aldeia da província de Kangal, distrito de Sivas. No entanto, é possível encontrar sangue puro em Yozgat, Kayseri, Çorum, Tokat, Erzurum e Erzincan. É ainda possível encontrar Kangal em todas as partes do país, que são chamadas com nomes como Karakaya e Kizilkaya. 

Em Sivas ou especialmente na província de Kangal, a raça continua sendo usada da mesma forma que sua origem a milhares de anos. 

No século XVII, Evliya Çelebi menciona esses cães, que ele descreve tão forte como um leão em suas viagens. Os fundadores do Império Otomano trouxeram esse cão para a Anatólia com eles, e com a propagação dos otomanos para a Europa, acredita-se que a maioria dos cães de pastor europeus sejam descendentes desta raça. 

Nos arquivos do período do Império Otomano, é mencionado que cães Kangal são criados com registros de pais e linhagens de sangue. 

O Kangal desempenha a tarefa que lhe é dada no clima mais difícil e nas condições de trabalho mais duras possíveis. 

Algumas vezes o Kangal é confundido com outras raças turcas, como por exemplo o Pastor da Anatólia, Aksaray Malakli e Turkish Boz ou Boz Shepherd. A cinofilia americana, europeia e australiana, discute bastante se o Kangal está dentro ou fora da raça Pastor da Anatólia, apenas com algumas diferenças, entre elas as cores do animal. A cor oficial dos pelos do Kangal varia do bege claro com algumas tonalidades mais fortes e máscara preta, conhecida na Turquia como Karabash, que significa cabeça negra. 

Créditos da arte da capa meu amigo Tirson Correa.

A imagem pode conter: cão e atividades ao ar livre

BORDOGA - O NOSSO BULLDOGUE RAIZ NASCIDO EM TERRAS BRASILEIRAS




🇧🇷 《Buldogue Campeiro》 

Há diversas versões quanto à origem do Buldogue campeiro. Há quem defenda que o Buldogue Campeiro originou-se de Antigos Bulldogs ingleses, trazidos ao Brasil que cruzaram com os cães locais. Há quem entende que o Buldogue campeiro é na verdade um remanescente do Cão de Fila da Terceira do tipo "Bull". Já uma terceira hipótese especula que a raça é remanescente do Cão de Presa Maiorquino da Espanha. Uma quarta história conta que a raça é descendente do extinto Bulldog alemão (Bullenbeisser).

Criadores que são referência na raça defendem que mesmo antes do Buldogue Campeiro ser reconhecido como raça Brasileira, a IOEBA ( International Olde English Bulldogge Association ) entrou em contato com o Canil Cãodomínio, sugerindo e se oferecendo para registrar o Buldogue Campeiro com um Old Buldogue através daquela instituição. Foram vários os contatos vindos dos EUA, demonstrando interesse pelos nossos Bordogas, contatos repassados para outros criadores. OU SEJA antes de alguns brasileiros se interessarem em trazer para cá os OLd Buldogues havia sim o interesse dos americanos em levar para lá os Bordogas Brasileiros. 

O antigo buldogue inglês foi bastante comum, encontrado em boa parte da Europa Ocidental durante a segunda metade do século XIX, ao ponto de em estados como o Vaticano existir legislação própria para regulamentar o trânsito desse tipo de animal em vias públicas. 

Simultaneamente, despertava em setores abastados da sociedade européia o interesse no desenvolvimento sério da criação e conformação de várias raças distintas: todas derivadas do antigo buldogue inglês, como o buldogue inglês moderno e o bulldog francês. 

No Brasil a imigração européia (alemães, italianos, poloneses, etc.), que foi incentivada em vários momentos durante o início do século XIX e meado do século XX, trouxe muitos animais, dentre estes, cães, certamente muitos do tipo buldogue, como o próprio antigo buldogue inglês. 

Ao passo que nesta época, na Europa, com algumas exceções, a orientação em busca da padronização da maior parte das raças pautava-se principalmente na beleza, já os animais trazidos para o novo mundo tinham que provar na labuta diária sua eficiência e excelência física, além do ótimo temperamento que deveriam conservar e desenvolver, sendo portanto selecionados e procriados de maneiras diversas, gerando raças distintas daquelas que surgiam na Europa na mesma época. Assim, esse tipo de cachorro buldogue em terras brasileiras se preservou, sobretudo, graças ao seu talento para a guarda e o trabalho com gado, e conservou os traços funcionais de seu antecessor, podendo dominar sozinho um boi arisco de até 400 Kg, ou arrastar porcos pelas orelhas até o local. 

O buldogue campeiro sendo selecionado na lida com o gado por peões nas regiões sul e centro-oste do Brasil, se tornou um cão de trabalho adaptado às condições regionais. 

Esta raça já foi extremamente comum no Estado do Mato Grosso do Sul e no sul do Brasil até o fim da década de 60, onde desempenhava largamente o papel de cão boiadeiro em fazendas e em matadouros, capturando e dominando o gado ou suíno que havia se desgarrado do grupo ou os mais ariscos. Na década de 70 esteve em via de extinção devido à introdução de novas leis e medidas sanitárias (e sua aplicação mais efetiva), mas voltou a ter expressividade após um duro trabalho de resgate liderado pelo cinófilo Ralf Schein Bender. 

O peso fica em torno de 35 a 45 kg, e sua altura entre 48 a 58 cm na cernelha. 

Destaca-se pela fidelidade ao dono e pela fácil adaptação. Sua rusticidade e coragem o tornam ótimo guardião. Pelo seu amor às pessoas de sua convivência, pode ser um pouco ciumento. 

Desconfiado com estranhos, tranquilo, não é conhecido por latir sem necessidade. Necessita de algum exercício diário, se não utilizado diretamente na lida com gado ou outro tipo de trabalho, aliás a lida rural é uma função em que tem excelente destaque. 

Na 2ª versão da história do Buldogue Campeiro teria sido ele oriundo do Cão de Fila da Terceira. O Cão de Fila da Terceira foi uma raça de cães portuguesa, originária da Ilha Terceira. Estes cães eram resultado do cruzamento entre o Mastim espanhol, Mastim português e o antigo Dogue de Bordeaux (diferente do atual). E posteriormente, no século XVII, recebeu inserção do Antigo Bulldog inglês, originando a variedade "tipo Bull" com tamanho reduzido em comparação ao "tipo Mastim" (sem inserção de bulldog), e com a característica cauda torta. Este cão foi trazido ao Brasil com a grande imigração de portugueses em decorrência da vinda (fuga) da corte para terras brasileiras. Sua variedade "tipo Mastim" (mais próxima da forma original), cruzado com Bloodhound deu origem ao Fila brasileiro. Então acreditam os defensores desta versão que a variedade "tipo Bull" tenha dado origem ao Buldogue campeiro. 

Ainda na juventude o cinófilo Ralf Schein Bender apaixonou-se pela bravura dos cães, até então chamados de Burdogas ou Bordogas. Seu desejo de possuir um cão deste tipo o fez perceber a extrema escassez da raça. No final da década de 1970, percebendo que este cão estava em via de extinção, Ralf Bender começou um trabalho de resgate destes cães. Em 1977, ele adquiriu uma fêmea e percorreu todo o Rio Grande do Sul reunindo os últimos exemplares da raça e começou a cruzá-los. Seu trabalho veio a ser concretizado em 2001 quando a CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia) passou a reconhecer oficialmente a raça, já com o nome de Buldogue Campeiro. 

Para alguns criadores porém não há outra origem dos bordogas se não a da chegada destes cães por aqui com os imigrantes italianos e alemães, depois sua disseminação pelas colônias, ao longo dos anos estes cães foram se misturando aos cães locais e mudando algumas de suas características como altura, ossatura e desenho da cabeça. Características estas que o senhor Ralf recuperou e que são mantidas até hoje. 

Uma boa fonte para consulta sobre a origem da raça é o próprio senhor Ralf , através de textos e vídeos dele, e Ivanor Oliviecki que inclusive tem um blog sobre a raça.

Para outros criadores e estudiosos da raça como Ubaldo do Mundo Bull, do Bulldog Inglês da Inglaterra mesmo o bordoga original tem muito pouco, diretamente naquele século XIX. Foram cães de gado e captura de gado bravo que os alemães trouxeram porque sabiam por relatos de parentes que aqui já estavam pioneiramente da grande quantidade de gado cimarron que pelo sul pastavam descendentes dos animais das antigas missões jesuítas destruídas pelos bandeirantes e portugueses após um tratado com os castelhanos. Ao mesmo tempo, o trabalho nas estâncias e matadouros fez necessário a presença dos antigos bulldogs e molossos italianos e ibéricos de gado no Sul. 

Utilização: Lida no campo, agarre do boi pela fuça, guarda da tropa e companhia. 

O texto abaixo foi escrito por volta do ano 2.000, antes do reconhecimento da Raça Buldogue Campeiro pela CBKC por Ralf Schein Bender, responsável pelo resgate da Raça: 

Desde criança tive contato com esta raça de cães robustos e ágeis que acabou por cativar-me profundamente. Minha família possuía um sítio no interior do Rio Grande do Sul, município de Taquara, bairro de Tucanos, onde também havia um matadouro. 

Naquela época (por volta de 1970), os buldogues eram utilizados nos matadouros como cães boiadeiros nas tropeadas de porcos e gado de corte, que eram hospedados nos campos vizinhos para daí serem levados até o matadouro. Pude observar em muitas ocasiões que os buldogues continham imediatamente qualquer boi que tentasse fugir ou agir de maneira agressiva. 

Um Buldogue Campeiro treinado ao trabalho segura, com as suas mandíbulas presas ao focinho do boi, um animal de 400 kg ou até mais. 

Em Taquara e em localidades vizinhas haviam vários matadouros, os quais eu costumava visitar na companhia de meu pai que, sendo contador, atendia toda a região. Todos possuíam pelo menos cinco buldogues, podendo este número chegar a dez ou mais. Eu observava o comportamento e as atitudes gerais dos buldogues e sempre chamou-me a atenção a sua autoconfiança e dignidade. Quando solicitados a uma tarefa em que lhes é exigido um comportamento agressivo eles respondem prontamente, sendo imensamente dóceis e afetuosos nas demais ocasiões. 

Impressionado com estes cães, passei a admirá-los. Então, no ano de 1978, decidi adquirir um exemplar de Buldogue Campeiro. Quando fui procurá-lo, porém, tive uma grande surpresa: restavam apenas uns poucos dos tantos que eu havia conhecido, e os novos buldogues eram mestiços e não conservavam mais aquelas características marcantes da raça que eu estava justamente buscando. Foi triste constatar que num período relativamente curto de tempo os cruzamentos alteraram tais qualidades. 

Resgatando o Buldogue Campeiro 

Tendo dificuldade em encontrar o legítimo Buldogue Campeiro, fui em busca do Bulldog Inglês, mas tive uma surpresa: ele era mais baixo e não demonstrava a mesma agilidade. O Bulldog Inglês é um ótimo cão de companhia mas não serviria como cão de trabalho onde seriam-lhe exigidos resistência física e mais agilidade. Constatei então que já tinha o conhecimento concreto do que eu realmente queria, minha vontade partia do contato que havia tido com o Buldogue Campeiro. 

Minha insatisfação levou-me a uma decisão: resgatar o Buldogue Campeiro. Esta decisão foi reforçada quando vim a saber que esta raça não era reconhecida e estava em vias de extinção. 

Parti então em busca dos exemplares remanescentes. Fui à muitos lugares no interior do Rio Grande do Sul: na serra, na fronteira e também no vizinho estado de Santa Catarina. 

Entrei em contato com muitas pessoas e em muitas ocasiões fui atrás de informações equivocadas. Mantendo porém um inabalável propósito, fui aos poucos encontrando alguns cães que preservavam as características da raça. 

É gratificante constatar que ainda hoje, apesar das dificuldades em encontrar exemplares sem cruzamento, o Buldogue Campeiro é lembrado com satisfação por muitas pessoas que possuíram ou apenas viram estes incríveis cães. 

Superando Desafios 

Realizei uma extensa pesquisa que trouxe-me, além de muitas gratificações, uma série de desafios. O primeiro deles estava na base do meu projeto: a quantidade de cães que apresentavam todas as características desejadas era insuficiente para que eu pudesse desenvolver uma criação sem problemas com a consangüinidade. 

No intuito de resolver este problema, passei a utilizar aqueles buldogues que, mesmo sem reunir todas as melhores características de estrutura e temperamento, possuíam algumas delas de forma marcante. Então, para não corrigir deficiências utilizando cães de linhagens que eu já possuía (e aí correr o risco de trazer o problema da consangüinidade), resolvi realizar acasalamentos com o Bulldog Inglês (que, assim como o buldogue campeiro, é uma ramificação de um mesmo ancestral comum: o Bulldog Inglês Antigo) como forma de devolver a estas linhagens as características da raça. 

Com muito trabalho, muita dedicação e amor, fui chegando ao meu objetivo de aprimorar as ninhadas. Para minha satisfação, elas apresentavam cada vez mais as almejadas características do legítimo Buldogue Campeiro. 

Parte deste dedicado serviço constituía-se em intercalar os cruzamentos com o Bulldog Inglês, selecionar sempre os cães que apresentavam as características do Campeiro e acasalá-los entre si para firmar estas características que, por sua vez, estão sempre sendo analisadas com o objetivo de aperfeiçoá-las no processo de seleção e melhora. 

Um Caso de Paixão 
(Por Ralf Schein Bender, responsável pelo resgate da Raça) 

Amigos eu gosto de trazer sempre a história da raça nas minhas pesquisas, mas escrever sobre uma raça da qual não conheço é complicado, então esse texto que acompanha a capa é apenas uma compilação das historias que busquei na net para que todos que conheçam mais do bordoga brasileiro. 

Agradecimentos especiais para a nossa equipe e amigos, alguns criadores, que cederam as imagens para utilizarmos na capa que nosso amigo Tirson Correa fez para homenagem ao nosso Buldogue Campeiro no grupo Origens do qual este blog é vinculado. 

Os cães da nossa capa são de criação de Giovanni Giraldi e Alex Scherer, e algumas imagens da net do Cãodomínio fornecidas pela nossa Caroline Rainha, pelo João Malacara Pereira, além de imagens salvas do grupo Mundo Bull como Sarrafo do Cãodomínio, e Tyson do Cãodomínio, ícone da raça. Taco do Cãodomínio do Canil MariaJoana, Valente e Bento, criação de Giovanni Giraldi do Canil Pátio dos Brutos, Chefe do Mariajoana, criação de Alex Scherer, CANIL MARIAJOANA. Urso do Cãodominio, outra imagem salva de Mundo Bull. Guri do Cãodominio, Anita do Gigante da Colina de Carol Kuhn, Anak Bordoga Dalam Pertunjukan de André Lage Freitas.



Anak Bordoga Dalam Pertunjukan de André Lage Freitas.


Guri do Cãodomínio. Imagem salva de http://www.ruralcentro.com.br/.../historia-da-raca



Anita do Gigante da Colina de Carol Kuhn, imagem cedida por João Malacara Pereira.


Guri do Cãodominio, imagem enviada pela Caroline Rainha.


Urso do Cãodominio, outra imagem salva do Mundo Bull: https://www.facebook.com/groups/298889293533976/


Sarrafo do Cãodomínio, imagem salva do Mundo Bull de Ubaldo Prf, indicado pelo Julio Duarte 


Chefe do Mariajoana, criação de Alex Scherer, CANIL MARIA JOANA.


Valente e Bento, criação de Giovanni Giraldi do Canil Pátio dos Brutos.



Tyson do Cãodominio, ícone da raça.


Taco do Cãodomínio do Canil Maria Joana.