quinta-feira, 1 de março de 2018

BORDOGA - O NOSSO BULLDOGUE RAIZ NASCIDO EM TERRAS BRASILEIRAS




🇧🇷 《Buldogue Campeiro》 

Há diversas versões quanto à origem do Buldogue campeiro. Há quem defenda que o Buldogue Campeiro originou-se de Antigos Bulldogs ingleses, trazidos ao Brasil que cruzaram com os cães locais. Há quem entende que o Buldogue campeiro é na verdade um remanescente do Cão de Fila da Terceira do tipo "Bull". Já uma terceira hipótese especula que a raça é remanescente do Cão de Presa Maiorquino da Espanha. Uma quarta história conta que a raça é descendente do extinto Bulldog alemão (Bullenbeisser).

Criadores que são referência na raça defendem que mesmo antes do Buldogue Campeiro ser reconhecido como raça Brasileira, a IOEBA ( International Olde English Bulldogge Association ) entrou em contato com o Canil Cãodomínio, sugerindo e se oferecendo para registrar o Buldogue Campeiro com um Old Buldogue através daquela instituição. Foram vários os contatos vindos dos EUA, demonstrando interesse pelos nossos Bordogas, contatos repassados para outros criadores. OU SEJA antes de alguns brasileiros se interessarem em trazer para cá os OLd Buldogues havia sim o interesse dos americanos em levar para lá os Bordogas Brasileiros. 

O antigo buldogue inglês foi bastante comum, encontrado em boa parte da Europa Ocidental durante a segunda metade do século XIX, ao ponto de em estados como o Vaticano existir legislação própria para regulamentar o trânsito desse tipo de animal em vias públicas. 

Simultaneamente, despertava em setores abastados da sociedade européia o interesse no desenvolvimento sério da criação e conformação de várias raças distintas: todas derivadas do antigo buldogue inglês, como o buldogue inglês moderno e o bulldog francês. 

No Brasil a imigração européia (alemães, italianos, poloneses, etc.), que foi incentivada em vários momentos durante o início do século XIX e meado do século XX, trouxe muitos animais, dentre estes, cães, certamente muitos do tipo buldogue, como o próprio antigo buldogue inglês. 

Ao passo que nesta época, na Europa, com algumas exceções, a orientação em busca da padronização da maior parte das raças pautava-se principalmente na beleza, já os animais trazidos para o novo mundo tinham que provar na labuta diária sua eficiência e excelência física, além do ótimo temperamento que deveriam conservar e desenvolver, sendo portanto selecionados e procriados de maneiras diversas, gerando raças distintas daquelas que surgiam na Europa na mesma época. Assim, esse tipo de cachorro buldogue em terras brasileiras se preservou, sobretudo, graças ao seu talento para a guarda e o trabalho com gado, e conservou os traços funcionais de seu antecessor, podendo dominar sozinho um boi arisco de até 400 Kg, ou arrastar porcos pelas orelhas até o local. 

O buldogue campeiro sendo selecionado na lida com o gado por peões nas regiões sul e centro-oste do Brasil, se tornou um cão de trabalho adaptado às condições regionais. 

Esta raça já foi extremamente comum no Estado do Mato Grosso do Sul e no sul do Brasil até o fim da década de 60, onde desempenhava largamente o papel de cão boiadeiro em fazendas e em matadouros, capturando e dominando o gado ou suíno que havia se desgarrado do grupo ou os mais ariscos. Na década de 70 esteve em via de extinção devido à introdução de novas leis e medidas sanitárias (e sua aplicação mais efetiva), mas voltou a ter expressividade após um duro trabalho de resgate liderado pelo cinófilo Ralf Schein Bender. 

O peso fica em torno de 35 a 45 kg, e sua altura entre 48 a 58 cm na cernelha. 

Destaca-se pela fidelidade ao dono e pela fácil adaptação. Sua rusticidade e coragem o tornam ótimo guardião. Pelo seu amor às pessoas de sua convivência, pode ser um pouco ciumento. 

Desconfiado com estranhos, tranquilo, não é conhecido por latir sem necessidade. Necessita de algum exercício diário, se não utilizado diretamente na lida com gado ou outro tipo de trabalho, aliás a lida rural é uma função em que tem excelente destaque. 

Na 2ª versão da história do Buldogue Campeiro teria sido ele oriundo do Cão de Fila da Terceira. O Cão de Fila da Terceira foi uma raça de cães portuguesa, originária da Ilha Terceira. Estes cães eram resultado do cruzamento entre o Mastim espanhol, Mastim português e o antigo Dogue de Bordeaux (diferente do atual). E posteriormente, no século XVII, recebeu inserção do Antigo Bulldog inglês, originando a variedade "tipo Bull" com tamanho reduzido em comparação ao "tipo Mastim" (sem inserção de bulldog), e com a característica cauda torta. Este cão foi trazido ao Brasil com a grande imigração de portugueses em decorrência da vinda (fuga) da corte para terras brasileiras. Sua variedade "tipo Mastim" (mais próxima da forma original), cruzado com Bloodhound deu origem ao Fila brasileiro. Então acreditam os defensores desta versão que a variedade "tipo Bull" tenha dado origem ao Buldogue campeiro. 

Ainda na juventude o cinófilo Ralf Schein Bender apaixonou-se pela bravura dos cães, até então chamados de Burdogas ou Bordogas. Seu desejo de possuir um cão deste tipo o fez perceber a extrema escassez da raça. No final da década de 1970, percebendo que este cão estava em via de extinção, Ralf Bender começou um trabalho de resgate destes cães. Em 1977, ele adquiriu uma fêmea e percorreu todo o Rio Grande do Sul reunindo os últimos exemplares da raça e começou a cruzá-los. Seu trabalho veio a ser concretizado em 2001 quando a CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia) passou a reconhecer oficialmente a raça, já com o nome de Buldogue Campeiro. 

Para alguns criadores porém não há outra origem dos bordogas se não a da chegada destes cães por aqui com os imigrantes italianos e alemães, depois sua disseminação pelas colônias, ao longo dos anos estes cães foram se misturando aos cães locais e mudando algumas de suas características como altura, ossatura e desenho da cabeça. Características estas que o senhor Ralf recuperou e que são mantidas até hoje. 

Uma boa fonte para consulta sobre a origem da raça é o próprio senhor Ralf , através de textos e vídeos dele, e Ivanor Oliviecki que inclusive tem um blog sobre a raça.

Para outros criadores e estudiosos da raça como Ubaldo do Mundo Bull, do Bulldog Inglês da Inglaterra mesmo o bordoga original tem muito pouco, diretamente naquele século XIX. Foram cães de gado e captura de gado bravo que os alemães trouxeram porque sabiam por relatos de parentes que aqui já estavam pioneiramente da grande quantidade de gado cimarron que pelo sul pastavam descendentes dos animais das antigas missões jesuítas destruídas pelos bandeirantes e portugueses após um tratado com os castelhanos. Ao mesmo tempo, o trabalho nas estâncias e matadouros fez necessário a presença dos antigos bulldogs e molossos italianos e ibéricos de gado no Sul. 

Utilização: Lida no campo, agarre do boi pela fuça, guarda da tropa e companhia. 

O texto abaixo foi escrito por volta do ano 2.000, antes do reconhecimento da Raça Buldogue Campeiro pela CBKC por Ralf Schein Bender, responsável pelo resgate da Raça: 

Desde criança tive contato com esta raça de cães robustos e ágeis que acabou por cativar-me profundamente. Minha família possuía um sítio no interior do Rio Grande do Sul, município de Taquara, bairro de Tucanos, onde também havia um matadouro. 

Naquela época (por volta de 1970), os buldogues eram utilizados nos matadouros como cães boiadeiros nas tropeadas de porcos e gado de corte, que eram hospedados nos campos vizinhos para daí serem levados até o matadouro. Pude observar em muitas ocasiões que os buldogues continham imediatamente qualquer boi que tentasse fugir ou agir de maneira agressiva. 

Um Buldogue Campeiro treinado ao trabalho segura, com as suas mandíbulas presas ao focinho do boi, um animal de 400 kg ou até mais. 

Em Taquara e em localidades vizinhas haviam vários matadouros, os quais eu costumava visitar na companhia de meu pai que, sendo contador, atendia toda a região. Todos possuíam pelo menos cinco buldogues, podendo este número chegar a dez ou mais. Eu observava o comportamento e as atitudes gerais dos buldogues e sempre chamou-me a atenção a sua autoconfiança e dignidade. Quando solicitados a uma tarefa em que lhes é exigido um comportamento agressivo eles respondem prontamente, sendo imensamente dóceis e afetuosos nas demais ocasiões. 

Impressionado com estes cães, passei a admirá-los. Então, no ano de 1978, decidi adquirir um exemplar de Buldogue Campeiro. Quando fui procurá-lo, porém, tive uma grande surpresa: restavam apenas uns poucos dos tantos que eu havia conhecido, e os novos buldogues eram mestiços e não conservavam mais aquelas características marcantes da raça que eu estava justamente buscando. Foi triste constatar que num período relativamente curto de tempo os cruzamentos alteraram tais qualidades. 

Resgatando o Buldogue Campeiro 

Tendo dificuldade em encontrar o legítimo Buldogue Campeiro, fui em busca do Bulldog Inglês, mas tive uma surpresa: ele era mais baixo e não demonstrava a mesma agilidade. O Bulldog Inglês é um ótimo cão de companhia mas não serviria como cão de trabalho onde seriam-lhe exigidos resistência física e mais agilidade. Constatei então que já tinha o conhecimento concreto do que eu realmente queria, minha vontade partia do contato que havia tido com o Buldogue Campeiro. 

Minha insatisfação levou-me a uma decisão: resgatar o Buldogue Campeiro. Esta decisão foi reforçada quando vim a saber que esta raça não era reconhecida e estava em vias de extinção. 

Parti então em busca dos exemplares remanescentes. Fui à muitos lugares no interior do Rio Grande do Sul: na serra, na fronteira e também no vizinho estado de Santa Catarina. 

Entrei em contato com muitas pessoas e em muitas ocasiões fui atrás de informações equivocadas. Mantendo porém um inabalável propósito, fui aos poucos encontrando alguns cães que preservavam as características da raça. 

É gratificante constatar que ainda hoje, apesar das dificuldades em encontrar exemplares sem cruzamento, o Buldogue Campeiro é lembrado com satisfação por muitas pessoas que possuíram ou apenas viram estes incríveis cães. 

Superando Desafios 

Realizei uma extensa pesquisa que trouxe-me, além de muitas gratificações, uma série de desafios. O primeiro deles estava na base do meu projeto: a quantidade de cães que apresentavam todas as características desejadas era insuficiente para que eu pudesse desenvolver uma criação sem problemas com a consangüinidade. 

No intuito de resolver este problema, passei a utilizar aqueles buldogues que, mesmo sem reunir todas as melhores características de estrutura e temperamento, possuíam algumas delas de forma marcante. Então, para não corrigir deficiências utilizando cães de linhagens que eu já possuía (e aí correr o risco de trazer o problema da consangüinidade), resolvi realizar acasalamentos com o Bulldog Inglês (que, assim como o buldogue campeiro, é uma ramificação de um mesmo ancestral comum: o Bulldog Inglês Antigo) como forma de devolver a estas linhagens as características da raça. 

Com muito trabalho, muita dedicação e amor, fui chegando ao meu objetivo de aprimorar as ninhadas. Para minha satisfação, elas apresentavam cada vez mais as almejadas características do legítimo Buldogue Campeiro. 

Parte deste dedicado serviço constituía-se em intercalar os cruzamentos com o Bulldog Inglês, selecionar sempre os cães que apresentavam as características do Campeiro e acasalá-los entre si para firmar estas características que, por sua vez, estão sempre sendo analisadas com o objetivo de aperfeiçoá-las no processo de seleção e melhora. 

Um Caso de Paixão 
(Por Ralf Schein Bender, responsável pelo resgate da Raça) 

Amigos eu gosto de trazer sempre a história da raça nas minhas pesquisas, mas escrever sobre uma raça da qual não conheço é complicado, então esse texto que acompanha a capa é apenas uma compilação das historias que busquei na net para que todos que conheçam mais do bordoga brasileiro. 

Agradecimentos especiais para a nossa equipe e amigos, alguns criadores, que cederam as imagens para utilizarmos na capa que nosso amigo Tirson Correa fez para homenagem ao nosso Buldogue Campeiro no grupo Origens do qual este blog é vinculado. 

Os cães da nossa capa são de criação de Giovanni Giraldi e Alex Scherer, e algumas imagens da net do Cãodomínio fornecidas pela nossa Caroline Rainha, pelo João Malacara Pereira, além de imagens salvas do grupo Mundo Bull como Sarrafo do Cãodomínio, e Tyson do Cãodomínio, ícone da raça. Taco do Cãodomínio do Canil MariaJoana, Valente e Bento, criação de Giovanni Giraldi do Canil Pátio dos Brutos, Chefe do Mariajoana, criação de Alex Scherer, CANIL MARIAJOANA. Urso do Cãodominio, outra imagem salva de Mundo Bull. Guri do Cãodominio, Anita do Gigante da Colina de Carol Kuhn, Anak Bordoga Dalam Pertunjukan de André Lage Freitas.



Anak Bordoga Dalam Pertunjukan de André Lage Freitas.


Guri do Cãodomínio. Imagem salva de http://www.ruralcentro.com.br/.../historia-da-raca



Anita do Gigante da Colina de Carol Kuhn, imagem cedida por João Malacara Pereira.


Guri do Cãodominio, imagem enviada pela Caroline Rainha.


Urso do Cãodominio, outra imagem salva do Mundo Bull: https://www.facebook.com/groups/298889293533976/


Sarrafo do Cãodomínio, imagem salva do Mundo Bull de Ubaldo Prf, indicado pelo Julio Duarte 


Chefe do Mariajoana, criação de Alex Scherer, CANIL MARIA JOANA.


Valente e Bento, criação de Giovanni Giraldi do Canil Pátio dos Brutos.



Tyson do Cãodominio, ícone da raça.


Taco do Cãodomínio do Canil Maria Joana.




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