quinta-feira, 4 de maio de 2017

O DOGUE BRASILEIRO

"BULL BOXER" - O DOGUE BRASILEIRO
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A primeira raça canina brasílica nascida em ambiente urbano, longe das plantações e rebanhos de seus colegas peludos. O Dogue Brasileiro só passou por uma grande mudança: o nome originalmente Bull Boxer, refletindo as raças que o originaram, o Boxer e o Bull Terrier.

Em 1978 o cinófilo Sr. Pedro Ribeiro Dantas desenvolveu no sul do Brasil a raça Dogue Brasileiro, inicialmente conhecida como Bull Boxer. Deram origem à raça o Bull Terrier e o Boxer. Do Bull Terrier herdou a coragem e do Boxer, além da coragem, uma postura controlada.

Pedro Ribeiro Dantas, em 1978, era criador de Bull Terriers em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Após insistência de um vizinho, que tinha uma cadela Boxer, aceitou cruzar um de seus Bull Terriers com a Boxer.

Nascida a ninhada, Pedro gostou de uma filhote e resolveu criá-la, batizando-a com o nome de Tigresa por conta da sua marcação de pelos rajada. A medida que Tigresa crescia, demonstrava excepcionais qualidades. Era muito obediente, muito carinhosa, aprendia fácil e tinha excelente compleição física e vigor. Tigresa era uma cadela muito funcional, ágil, forte e excelente na guarda. Seu vigor físico era superior aos dos Bull Terriers e Boxers, não se cansava fácil, cheia de disposição e sem problemas de saúde ou estruturais músculo-esqueléticos. Também se notou que Tigresa era uma cadela muito mais tolerante em relação aos Bull Terriers. Quando estes a provocavam, ela costumava esquivar-se das agressões e se impor a eles sem usar da agressividade, usando apenas o seu potencial físico superior e seu equilíbrio.

Percebendo que a cruza resultou num cão funcional, equilibrado, excelente na guarda e com excelente vigor físico, Pedro procurou informações junto a outras pessoas que pegaram filhotes da ninhada para criar. Seus donos relataram que os cães eram excelentes na guarda, extremamente dóceis com a família assim como tinham também excelente vigor físico.

Procurou-se então fazer mais uma cruza de Bull Terrier e Boxer (entre cães diferentes da primeira cruza) para ver se as características da ninhada se mantinham. 

Ao comprovar que as características se mantinham, cruzaram-se os cães de diferentes linhas de sangue para ter a certeza se nasciam cães com as mesmas características.

Foi comprovado mais uma vez que as características se mantinham, então foi decidido iniciar o desenvolvimento de uma nova raça canina.

O criador da raça não estava totalmente convencido de que o bull boxer era um cão com características físicas e de temperamento únicas para formar uma outra raça. Sendo assim, adquiriu alguns exemplares de raças similares para comparar. Adquiriu o American Staffordshire Terrier. 

Percebeu-se que fisicamente eram suficientemente diferentes e a questão do caráter e do instinto também eram suficientemente diferentes.

Decidiu-se, então, por cruzar alguns exemplares de Bull Boxer com o American Staffordshire Terrier para ver se as características se mantinham (físicas e psicológicas). Para surpresa de Pedro Dantas, ao menos na primeira geração, as características do Bull Boxer se mantinham nos filhotes e exemplares adultos.

Com o teste, não foi inserido mais sangue de American Staffordshire Terrier e se convenceu criar a raça, fechando o sangue nos exemplares de Bull Boxers já existentes.

Hoje o Dogue Brasileiro não é simplesmente uma cruza de Bull Terrier e Boxer, é um trabalho de mais de 30 anos de seleção planejada que amenizou os defeitos herdados da raça, aprimorou suas qualidades, tornou mais homogênea as características físicas e o temperamento dos cães e o trabalho continua a ser feito. Houve uma alteração no padrão em 2007 e hoje o trabalho continua em produzir proles o mais homogêneas possíveis com características muito bem fixadas.

O Bull Boxer Club, é a entidade responsável pela manutenção da raça e definição do padrão. Seu presidente é Pedro Ribeiro Dantas, criador da raça.

Durante a década de 90, a raça cresceu de maneira consistente na região Sul do Brasil, mas obteve grande exposição ao sair na revista canina Cães & Cia em 1999 onde ficou conhecida nacionalmente no meio cinófilo. Diversos interessados no Brasil entraram em contato com o criador da raça para saber mais da nova raça e muitos acabaram adquirindo exemplares. Posteriormente, apareceu outras vezes na mesma revista e em outras publicações se tornando mais conhecida.

Em 1999 o Dogue Brasileiro foi reconhecido pela CBKC como sendo mais uma raça brasileira. Na classificação da CBKC pertence ao grupo 11, grupo de raças não reconhecidas pela FCI.

Atualmente, existem plantéis em boa parte dos estados brasileiros e a raça tem crescido de maneira consistente e sem pressa.

Nas palavras de Pedro Ribeiro Dantas: "A base filosófica da criação do dogue brasileiro é a busca de um cão que morfologicamente seja desprovido de hipertipia, embora com tipo bem definido. No aspecto temperamental, busca-se um animal que resgate para os nossos tempos o verdadeiro cão de guarda perdido pela decorativização cinológica. O dogue almeja aprimorar-se cada vez mais em sua eficiência e efetividade como cão exclusivo de guarda, enquanto muitos outros cães perdem, dia a dia, tal paradigma."

Se o lado do Bull Terrier trouxe energia e obstinação, o lado do Boxer veio a trazer equilíbrio, moderação e obediência. E é nesse conflito entre obstinação e controle, entre força e agilidade, entre coragem e meiguice, que se busca o cão perfeito. A inteligência da raça é notável, não costuma oferecer resistência para aprender e aprende rápido. 

O Dogue Brasileiro deve agir com agressividade somente quando necessário. A seleção por parte dos criadores, orientados pelo Bull Boxer Club, tem sido direcionada à guarda da casa, à proteção da pessoa e à propriedade em geral. Isto não quer dizer que o dogue brasileiro não tenha que se defender ou defender seu dono e sua família por agressão de outros animais quando necessário, inclusive cães. É um cão de porte físico potente e temperamento equilibrado, portanto não deve dar demonstrações de agressividade sem motivo.

A raça é conhecida por ser um cão com grande doçura e ternura com os membros da família. Uma das características mais marcantes da raça são seus olhos, expressivos e meigos. É um cão que tem grande paciência com crianças da família e as protege como protegeria o próprio dono.

Possui boa convivência com outros animais domésticos, mas deve ser educado desde filhote a aceitá-los a fim de evitar acidentes. Se é um cão já crescido, deverá ser acostumado pelo dono ao novo "amigo".

Há relatos de alguns poucos Dogues Brasileiros que vivem em fazendas, já que seu desenvolvimento foi feito com vistas à vida urbana e à guarda. Seus proprietários relatam que o mesmo tem boa convivência com os animais do local. Há, inclusive, casos de dogue brasileiro que já foi utilizado como cão de pastoreio e até à caça de javali. 

Deve pesar entre 29 e 43 kg para os machos (preferencialmente 39 kg) e de 23 a 39 kg (preferencialmente 33 kg) para as fêmeas. Sua altura na cernelha está compreendida entre 54 a 60 cm (preferencialmente 58 cm) para os machos e de 50 a 58 cm (preferencialmente 56 cm) para as fêmeas.

OBS: As alturas e pesos devem ser respectivamente proporcionais. 

Após várias gerações de Dogue Brasileiro, percebeu-se que nasciam exemplares de pelo mais comprido em 3% dos casos. Como não se considerou razoável desclassificar um cão com estrutura física e temperamento em conformidade com o padrão por conta de um pelo maior, foi aceito no padrão aqueles que possuem pelo de até 4,7 cm na cernelha.
Dogue Brasileiro de pelagem média.

Não foram relatadas doenças específicas da raça ou doenças genéticas em larga escala. É relativamente longeva, sendo que houve vários indivíduos que ultrapassaram os 13 anos de idade. 

A fim de manter a raça sempre apta ao trabalho na medida do possível, foi priorizada a seleção de cães aptos à sua função. Isto significa que o Dogue Brasileiro, para a participação em campeonatos de conformação, deve ser atestado na prova de apreciação de caráter. 
Dogues Brasileiros em ataque duplo a um figurante. 
Este tipo de prova é aplicada pelo Bull Boxer Club. 

“Apesar de haver alguns Dogues Brasileiros com aparências relativamente diferentes, a homogeneidade está cada vez maior, com mais machos pesando entre 38 e 40 quilos”, diz Dantas. “Preferimos o maior cão possível, desde que preserve a agilidade necessária para o bom desempenho na proteção.”

"Diria para estudar as raças antes de adquiri-las. A escolha de uma raça pode ser uma escolha para a vida inteira se a pessoa se apaixona por ela. Mesmo sabendo que outra raça poderia ser melhor nisso ou naquilo, a tendência é das pessoas ficarem fiéis às suas raças, e essa é uma característica não de teimosia, mas de caráter do ser humano: fidelidade. Eu fui fiel, enquanto deu ao Bull Terrier. Só que percebi que a criação do Bull Terrier estava tornando-se, dia a dia, mais decorativa. Ao invés de buscar outra raça, usei meus exemplares e mais outros e criei o Dogue Brasileiro. Houve algo de acidental nisso, mas o acidente não seria feliz se não fosse sintonizado com uma expectativa. Minha fidelidade, mais do que com o Dogue ou com o Bull Terrier, é com o cão efetivo."
(Texto escrito por Pedro Dantas em 05 de Agosto de 2010 na comunidade Cães de Guarda, do Orkut).

Pedro Dantas, criador da Raça.

Pállus de Tasgard e Pedro Ribeiro Dantas, em 2008. 

 
Arquivo Canil Tasgard 

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